Resumo

RESUMO


As plantas medicinais utilizadas há anos pelas mais antigas civilizações têm reconquistado a população nas últimas décadas. O número de programas de fitoterapia é cada vez maior. Por ser um produto natural, que atende as necessidades básicas de saúde, além de seu baixo custo e compatibilidade cultural com as tradições populares, o uso de plantas medicinais vem facilitando o acesso das populações carentes a medicamentos. Contudo o acesso muitas vezes fácil às plantas esbarra em problemas ambientais como a coleta indiscriminada, que pode levar a extinção de espécies; há ainda problemas de engano na coleta do material, falta de padrão e qualidade do produto, bem como a presença de impurezas. Visto que se cultivam há séculos plantas ornamentais, alimentícias e medicinais nos pátios dos prédios, nos quintais, casas e em recipientes como vasos, teve este trabalho como objetivo geral, trazer informações a respeito do cultivo de espécies medicinais nestes locais, bem como a identificação e uso das mesmas. Contudo, a limitação de um trabalho de revisão bibliográfica não permitiu avaliar a influência deste habitat artificial na concentração dos teores dos princípios ativos das espécies. Fica a esperança que este trabalho possa contribuir com futuras pesquisas acerca do tema.

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I - INTRODUÇÃO
O uso de plantas medicinais no tratamento de problemas de saúde sempre esteve presente na história da humanidade. Se durante algumas décadas do último século, em grande parte dos países ocidentais, a fitoterapia foi considerada tratamento atrasado e ineficiente, hoje ela desponta como uma das formas de busca pelo reequilíbrio orgânico, mental e emocional mais procuradas e crescentemente adotadas por nossa sociedade. (Almassy júnior, A.A. et al., 2005).
Sob esse nome complicado – fitoterapia – esconde-se, na verdade, a forma de tratamento mais simples e mais natural. A idéia é ancestral: tratar as doenças ou preveni-las graças a certos preparados vegetais ou aos princípios ativos que deles se pode extrair (Maury, E. A. et al., 19--).
Cresce em todo mundo a procura por produtos naturais, bem como medicamentos originários de plantas medicinais (Corrêa Junior, C. et al., 2006). Várias preparações medicamentosas caseiras, como os chás podem ser feitas para a cura de problemas comuns de saúde, como gripe e má digestão (Blanco, M. C. S. G., 2007).
Nos últimos anos o uso de plantas medicinais vem aumentando entre a população, não se restringindo somente a zonas rurais ou regiões desprovidas de assistência médica e farmacêutica. A Fitoterapia está sendo utilizada intensamente no meio urbano como forma alternativa ou complementar aos medicamentos alopáticos (Pardo, V. A., 1998).
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que cerca de 80% da população mundial fez o uso de algum tipo de erva na busca de alívio de alguma sintomatologia dolorosa ou desagradável (Paróquia Santuário São Leopoldo Mandic, 2008).
Devido aos custos elevados da aquisição de medicamentos e/ou a deficiência da rede pública de assistência primária de saúde, cerca de 80% da população brasileira não tem acesso aos medicamentos ditos essenciais. As plantas medicinais, que têm avaliadas a sua eficiência terapêutica e a toxicologia ou segurança do uso, dentre outros aspectos, estão cientificamente aprovadas a serem utilizadas pela população nas suas necessidades básicas de saúde, em função da facilidade de acesso, do baixo custo e da compatibilidade cultural com as tradições populares (Paróquia Santuário São Leopoldo Mandic, 2008).
O problema do acesso aos medicamentos pela população carente justifica a implantação de programas alternativos de produção e utilização de produtos originados de plantas medicinais. Com isso, desenvolvem-se bases tecnológicas próprias que possibilitem a produção de medicamentos fitoterápicos e o fornecimento destes com regularidade, a custos acessíveis e com a efetividade necessária (Coletto, L. M. M. et al., 2008).
Em todo o Brasil se multiplicam os programas de fitoterapia, apoiados pelo serviço público de saúde. Têm-se formado equipes multidisciplinares responsáveis pelo atendimento fitoterápico, com profissionais encarregados do cultivo de plantas medicinais, da produção de fitoterápicos, do diagnóstico médico e da recomendação destes produtos (Paróquia Santuário São Leopoldo Mandic, 2008).
Segundo a Associação Nacional de Fitoterapia em Serviço Público (Associofito), em 2001 mais de 2.000 municípios brasileiros já incorporavam o uso de plantas medicinais em Serviços Públicos de Saúde, e a tendência é que esse número aumente, pois cada vez mais prefeituras estão adotando esta prática (Almassy júnior, A.A. et al., 2005).
Uma vez que as plantas medicinais são classificadas como produtos naturais, a lei permite que sejam comercializadas livremente, além de poderem ser cultivadas por aqueles que disponham de condições mínimas necessárias (Paróquia Santuário São Leopoldo Mandic, 2008).
A maioria das plantas medicinais utilizadas pela população é nativa, ou seja, cresce espontaneamente nas mais diferentes formações vegetais do país. A coleta indiscriminada dessas plantas pode levá-las à extinção. Essa atividade aumenta a possibilidade de engano do material coletado, com espécies vegetais trocadas e representa um risco de depredação do patrimônio genético vegetal (Corrêa Junior, C. et al., 2006).
Em um levantamento verificou-se que 50% das plantas medicinais comercializadas, in natura ou embaladas, apresentam-se fora do padrão. Portanto, o produto utilizado pela população, principalmente urbana, pode não ter as propriedades terapêuticas e aromáticas preconizadas e/ou pode estar contaminado por impurezas (terra, areia, dejetos animais, outras espécies vegetais) e coliformes fecais. A fiscalização oficial tem ação incipiente e como conseqüência, os produtores oferecem produtos de baixa qualidade (Corrêa Junior, C. et al., 2006).
Para garantir a segurança do uso de plantas medicinais e seus derivados são necessários não apenas medidas de controle, mas, também um esforço substancial em informar o público e para educação profissional (Corrêa Junior, C. et al., 2006).
O cultivo de plantas medicinais é muito importante para o controle de qualidade de fitoterápicos, pois o risco de adulteração ou troca por outras matérias-primas vegetais é quase totalmente eliminado (Universidade On-Line de Viçosa, 2007).
Qualquer pessoa que tenha um espaço livre em casa (varanda, cobertura, terraço, quintal, área de serviço) com alguma incidência de sol pode se dar ao luxo de cultivar desde temperos, ervas medicinais e aromáticas até hortaliças e legumes frescos, livres de produtos químicos (Hortinha, 2008).
Mesmo quando se consegue encontrar exatamente a espécie que se procura não se pode escapar, o mais das vezes, ao desagradável sentimento de não saber como cultivá-la (Seddon, G.,1980).
Diante desses fatos nota-se a necessidade da população em ter acesso a essa alternativa terapêutica, de forma a cultivar suas próprias plantas medicinais ou parte delas em sua residência ou em hortas medicinais, as chamadas “farmácias vivas”.
O presente trabalho tem por objetivos:
a) Descrever as possibilidades de cultivo de determinadas espécies medicinais em recipientes e jardins (pequenos espaços);
b) trazer informações para a identificação dessas mesmas espécies medicinais;
c) informar dos cuidados com o uso;
d) orientar em relação à transformação da planta em medicamento terapêutico, de forma que a abordagem aqui escolhida foi por métodos simples.

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